sexta-feira, 11 de julho de 2008

Perda de 1 Milhão de Fiéis Por Ano Abala Finanças da Igreja Católica

11/07/2008 14:00 Fonte: AJEMSUL Entre os vários sintomas da crise econômica do Catolicismo está a perda de 1 milhão de fiéis todos os anos. Isso acontece também no Brasil, onde pesquisa indicou perda de 10% dos católicos com idade acima dos 16 anos, entre 1996 e 2007. Católicos têm lideranças que não inspiram a juventude e nem a adesão dos meios de comunicação modernos. Muitos padres e bispos são impostores e agem como antigamente: esnobam os pobres e lisonjeiam os ricos e autoridades. Joseph Ratzinger, o Bento XVI, sucessor de João Paulo 2°, herdou uma igreja cheia de problemas que esperam por uma solução. Resta saber se o Papa pretende manter a linha do pontificado de Karol Wojtyla ou se vai partir para mudanças as quais até o momento não colocou definitivamente. Problemas são inadiáveis. Principais desafios com os quais a Igreja precisa lidar são: 1) crise financeira acumulada pelos desafios não solucionados, 2) a divisão do poder do Papa com os bispos, 3) a falta de padres, 4) um papel de maior expressão à mulher na igreja; 5) o ecumenismo; 6) moral sexual que não cede aos apelos da atual conjuntura e adversidade com o quadro educacional em várias partes do mundo. 7) No plano da fé, a os desafios também são grandes. Ratzinger falou da "secularização do ocidente e do problema das seitas protestantes", no sermão que fez um dia antes de ser eleito Papa. Perda de 1 Milhão de Fiéis e Adesão ao Protestantismo Todo ano cerca de 1 milhão de pessoas deixam a Igreja Católica para aderir a uma seita diferente. Além disso, existe na Ásia o renascimento de perseguições contra os católicos. Não apenas na China há casos de violência e limitação de direitos civis, mas também na Índia, Paquistão e países islâmicos. Na África há o confronto com o islamismo, que, por ora, é cultural, mas pode se tornar mais duro. Uma das questões urgentes é a colegialidade: a relação entre a Cúria Romana e as conferências episcopais. Problema já existia no começo do pontificado de João Paulo 2°, e continua. Hoje os bispos são transferidos de uma sede a outra. Tal procedimento não é usual, pois os líderes costumavam ficar até a morte nos locais onde atuam. Hoje os bispos mudam quatro ou cinco vezes e isso tem consequências práticas. Os que são conservados no mesmo local, lançam projetos mais amplos, se dedicam mais, reforçam a pastoral. Quem sabe que vai embora, tem uma relação diferente. Outro tema à espera de solução é a nomeação dos bispos. Há uma discussão sobre o papel dos núncios - espécie de embaixadores do Vaticano, na escolha dos bispos que devem ser nomeados. Não se entende por que um núncio deve conhecer melhor os candidatos do que os bispos do lugar. A relação entre Roma e os episcopados locais também deve ser melhorada. É excessiva, segundo os vaticanistas, a importância que o Vaticano dá às conferências regionais. Por que sobre a Pastoral do Brasil, por exemplo, é mais importante a opinião da comissão para a América Latina do que a dos bipos brasileiros? Sínodo dos bispos - reuniões periódicas dos bispos do mundo todo no Vaticano - deveria ser a demonstração de que há colegialidade. Mas é apenas uma abertura aparente. A instituição perdeu muito do fascínio inicial. Nada é decidido durante estes encontros. Até o documento final é redigido e até manipulado pela Cúria. Tal concentração de poder levou o arcebispo emérito de São Francisco, monsenhor Queen, a declarar que o Papa consultou muito os bispos, mas isto não quer dizer decidir em conjunto. Colegialidade é um problema aberto e deve ser resolvido. Uma comunidade de 1 bilhão de pessoas não pode ser guiada de forma monarco-absolutista. Desafios que fazem parte da herança positiva deixada por João Paulo 2°, como as relações com as outras religiões cristãs. Por tantos anos criou-se um clima de fraternidade e maior compreensão do problema, agora se trata de tomar passos concretos, se existe realmente uma convergência, em sua opinião. A relação com o islamismo é outro ponto que o Papa terá que considerar. João Paulo atuou duro para que o Islã não se tornasse o inimigo do século 21. Mas é um diálogo que deve continuar. Em 26 anos, João Paulo II tornou-se um símbolo para os não católicos. Esse comportamento remete muita responsabilidade a Ratzinger. Wojtyla conseguiu não somente falar a homens e mulheres católicos, mas a todo o mundo. Isto é uma qualidade que o novo Papa deve manter, mesmo com o carater e temperamento que tem. Vê-se claramente que o Pontificado mudou. Antes interessava só aos católicos e talvez aos cristãos. Agora o Papa de Roma tornou-se o porta-voz dos diretios humanos e da dignidade do homem, para além das fronteiras geográficas, culturais e religiosas. E manter essa posição e presença na sociedade global é um enorme desafio. Modelo de globalização feito só no plano econômico, a defesa dos direitos humanos e a paz, terão que entrar na pauta de Bento 16. Mas recorda que esta postura faz parte, historicamente, do papel do Pontífice. Não foi algo introduzido por Karol Wojtyla. João XXIII teve um papel na crise dos mísseis em Cuba, Paulo VI ofereceu o Vaticano para pôr fim à guerra do Vietnã e Bento XV - que inspirou Ratzinger na ecolha do nome como papa -, pediu com veemência que se colocasse fim à Primeira Guerra.

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